Hoje sinto-me cansada. Não de fazer, mas de me dar. Cansada de oferecer o coração inteiro quando em meu redor parecem só saber receber aos bocados. Há um desgaste invisível em amar com tudo o que se é, em estar presente, em escutar com a alma, em cuidar como se cada gesto pudesse salvar alguém.
E o mais estranho é que, mesmo rodeada de gente, há uma solidão muito própria que me visita. Não é ausência de companhia, não, não é isso... É a ausência de reciprocidade plena. É perceber que, por mais que me entregue, há um espaço em mim que continua intocável, um silêncio que ninguém consegue ocupar. Como se amar fosse, por vezes, um ato solitário. Não por falta de afeto dos outros, mas porque poucos sabem, ou conseguem, amar com a mesma intensidade, com a mesma entrega crua e honesta.
E nessas horas, tudo pesa. O corpo, a mente, o coração. Não é tristeza, é cansaço. Um cansaço existencial, de quem carrega sentimentos inteiros num mundo que prefere metades. Já nada é por inteiro.
Mas continuo porque é assim que sou: inteira. Mesmo quando me sinto só dentro da minha própria intensidade.